Conhecendo Nossa Gente: Avelino Miranda Viana

No ano em que a AGADEMI completa 50 anos de serviços voltados exclusivamente ao mercado imobiliário gaúcho, lançamos uma nova seção “Conhecendo nossa gente”, com entrevistas, sobre aqueles que foram os pioneiros promovendo o bom relacionamento, a cooperação e a união entre as imobiliárias.

Iniciamos com o depoimento do convidado Avelino Miranda Viana, que presidiu a AGADEMI de 1982 a 1986 e sempre foi um grande diligente do mercado imobiliário.

 

 

Histórico da trajetória do entrevistado:

A Minha História

Nasci em Porto Alegre (RS), no dia 16 de outubro de 1932. Até o ano 1937 residi no bairro Petrópolis, na Avenida Itaqui. No ano 1937, meus pais mudaram-se para a Avenida Venâncio Aires, no quarteirão Rua General Lima e Silva – Avenida João Pessoa.

Fui aluno Marista do Colégio Rosário desde o 1º ano primário (1941) até a conclusão do Bacharelado e Licenciatura em Filosofia (1958), na PUC/RS.

No ano de 1952, ingressei no serviço militar obrigatório – 2º R.C.Mec. e 6º Esq. de Rec. Mec., em Porto Alegre, aonde permaneci por 24 meses. Dando baixa como “Cabo apto a 3º Sargento Especialista”.

Durante a formação universitária, participei também da política estudantil, exercendo funções de secretário de esportes do CASTA – Centro Acadêmico Santo Tomás de Aquino, delegado junto à UEE, delegado da UEE junto à UNE e Chefe do Secretariado do DCE da PUC/RS.

Dediquei-me, nos primeiros anos de magistério à Orientação Educacional, que então engatinhava. Trabalhei, pela manhã, na Escola de Iniciação Agrícola (ETA.), então localizada no bairro Agronomia, e, à noite, no Colégio Pio XII, no bairro Centro. Trabalhava, também, durante à tarde, na Administradora.

Em 1957, casei com Marlise Roessler, colega de faculdade, bacharel e licenciada em Geografia e História. Em 1960, junho, passei a trabalhar no Banco da Lavoura de Minas Gerais, dirigindo o Serviço de Orientação e Treinamento do Setor Sul, que compreendia os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina A partir desse período, até o falecimento de meu pai – Altamiro (1963, dezembro), trabalhei sob a supervisão do professor Pierre Weil. Especializei-me em recrutamento, seleção e treinamento de pessoal, bem como, orientação profissional. Exerci as funções de Instrutor de TWI junto ao SENAI-RS.

Com o falecimento de meu pai – Altamiro (dezembro de 1963), tive que decidir minha vida. Visto que tinha esposa e quatro filhos novos, além de mãe e dois irmãos menores para criar.

Minha opção foi a de ser empresário do mercado imobiliário e dar continuidade aos serviços prestados por meu pai. Posto que, apesar das diversas atividades profissionais na área da educação, nunca me afastara da Administradora Rio Grandense.

E assim, vivenciando a transformação que o Brasil passou a desenvolver com a mudança dos rumos políticos e sociais ocorridos em março de 1.964, somado ao auxílio de meu irmão André Luiz (falecido em janeiro de 1990), enfrentamos as mudanças de legislações e mentalidades diretivas da nação, buscando um crescimento empresarial.

E crescemos.

Foi assim que chegamos à década de 70. A evolução de técnicas e métodos de trabalho eram intensas. Da pequena empresa de duas ou três pessoas, chegamos a atingir no final dos anos 80, um quadro de colaboradores superior a sessenta funcionários.

Quando a direção da Administradora Rio Grandense foi convidada a participar da Agademi, era concretizada uma das minhas aspirações. Logo após as primeiras reuniões de almoços mensais, era ampliada a área de relacionamento empresarial. A realização da 1ª CONAI, no Rio de Janeiro, foi muito proveitosa. As teses e trabalhos apresentados foram excelentes. A identificação de objetivos era comum. Todos ganhamos.

Com o passar das reuniões e a ampliação da amizade, passamos a nos conhecer melhor. O respeito aumentou. Sob o comando do Alfredo Emygdio Mello, então Presidente da Agademi, demos início à vice-presidência da área de Condomínios.

Passamos a viajar, acompanhados pelo Comendador Armando Simões Pires (CRECI nº 1) e pela sempre presente secretária Lya Ferraz, pelo interior do Rio Grande do Sul, divulgando os objetivos da Agademi e amealhando novos associados. Algumas das cidades visitadas foram Santa Cruz do Sul, Cachoeira do Sul, Santa Maria, Pelotas, Rio Grande, Passo Fundo, Caxias do Sul, Gramado, Canela e Cachoeirinha. Durante essas visitas eram proferidas palestras sobre técnicas de trabalho e orientações jurídicas.

Quando da realização da 2ª CONAI, em Porto Alegre, vivenciávamos o auge do interesse em aperfeiçoamento profissional. Os professores Sílvio Capanema de Souza e Caio Mário da Silva Pereira eram companheiros constantes em visitas às cidades interioranas. Todos auferimos muitas vantagens intelectuais com o ensinamento daqueles mestres.

Enquanto isso, em Porto Alegre, eram desenvolvidos seminários com a participação de dirigentes de órgãos de defesa do consumidor.

O anseio dos dirigentes da Agademi em criar um Sindicato da categoria profissional se materializou com a fundação do Secovi/RS.

A primeira diretoria do Secovi foi composta por Alfredo Emygdio Mello, como Presidente do Conselho, o número 2; Armando Simões Pires, como Presidente do Sindicato, o número 1; Lauro Xavier, como Vice-Presidente da área de Locações, o número 3; e, Avelino Miranda Viana, como Vice-Presidente de Condomínios, o nº 4; e, Ênio Sandler, como Vice-Presidente da Comercialização, como nº 5.

Com a experiência resultante das confraternizações iniciadas na Agademi, a amizade entre os dirigentes e colaboradores foi ampliada. O relacionamento humano era desenvolvido em festas de participação geral, seminários e churrascos. Foi um período muito bonito. O empresariado convivia sem qualquer disputa de mercado.

A Nossa História

 

A Administradora Rio Grandense foi uma criação de Altamiro de Almeida Vianna, um dos primeiros corretores de imóveis do Rio Grande do Sul.

Em 13 de abril de 1949 abriu as portas da sua imobiliária, tendo por local a sala 512 dos edifícios “Sulacap”, situados à Avenida Borges de Medeiros no 410, no centro de Porto Alegre.

Altamiro, foi um dos pioneiros do mercado imobiliário gaúcho. Posto que, no dia 8 de fevereiro de 1921, com 13 anos de idade, ingressou como “vassoura”, na Administradora Imobiliária do Sr. Francisco Medeiros de Albuquerque – o primeiro corretor de imóveis do Rio Grande.

O vasto relacionamento amealhado – por sua simpatia e conhecimento profissional, o levaram a criar a sua Administradora Rio Grandense.

Altamiro, como um dos fundadores do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Porto Alegre, aonde ostentava a matrícula no 4, sempre desenvolveu sua atividade profissional com um único objetivo: servir aos seus clientes e amigos.

Paulatinamente, sua empresa cresceu. Seus filhos, nas horas de folga da escola, passaram a ser treinados nas diversas áreas que o conhecimento do mercado imobiliário exigia.

Em 6 de dezembro de 1963, com 56 anos de idade, Altamiro faleceu.

Seus herdeiros – a viúva Olmídia e os filhos Avelino, Conceição e André Luiz, deliberaram continuar com as atividades da Administradora Rio Grandense, transformando-a de firma individual para jurídica.

Os primeiros anos foram muito difíceis. Contudo, a pertinácia, o conhecimento profissional e a força de vontade fizeram a pequena empresa crescer.

Os anos da década de 60 foram o marco inicial do desenvolvimento imobiliário brasileiro. Surgiram o Banco Nacional da Habitação, o Sistema Financeiro da Habitação, novas leis do inquilinato e dos condomínios.

A Administradora Rio Grandense cresceu em qualidade dos serviços prestados e número de clientes.

O ano de 1979 foi outro marco que sinalizou profundamente a vida da empresa: a terceira geração dos descendentes de Altamiro e Olmídia, os filhos de Avelino – Adriano, Fernando, Andréa e Renata, somaram seus esforços ao objetivo comum.

Criteriosamente, foram abertas filiais em Cachoeirinha (1984), Zona Sul de Porto Alegre (1987), e, Zona Norte de Porto Alegre (1992).

Em 1994, com a criação do Plano Econômico denominado Real, a economia brasileira sofreu alteração profunda, em razão da contenção da espiral inflacionária que solapava todo e qualquer planejamento econômico e financeiro. O mercado imobiliário, em especial, foi um dos mais atingidos.

Com a prudência dos 50 anos empresariais bem vividos, a Direção da Administradora Rio Grandense revisou seus projetos e alterou o ritmo do seu investimento.

Encerrou as atividades localizadas nas Agências Centro, Cachoeirinha e Auxiliadora, posicionando seus clientes tradicionais em imobiliárias coirmãs de elevados capacidade e conceito profissional.

A direção da Administradora centralizou, a partir de 1996, suas atividades na Zona Sul de Porto Alegre – região metropolitana de grande futuro e possuidora de uma vasta área a ser povoada.

Nos dias atuais, os filhos de Avelino assumiram a orientação dos negócios. A compra e venda de imóveis passou a receber uma atenção maior. A profissionalização dessa carteira de negócios possibilitou à clientela tradicional uma nova maneira de satisfação em seus investimentos. As carteiras de locação e administração de condomínios permanecem com uma gestão direta e pessoal dos Viana. Cada cliente continua recebendo um atendimento personalizado e qualificado.

A evolução do mercado imobiliário porto-alegrense e, em especial a maneira de trabalhar, praticada pelos componentes da Administradora Rio Grandense, mostra o quanto de justa foi a atitude sempre adotada, naquela missão de dar continuidade ao objetivo profissional, no qual o cumprimento correto e exemplar das normas éticas e profissionais, transformou em amigos os clientes da empresa, gravando um lema no qual o culto à amizade faz parte do negócio.

 

O que poderia citar como um desafio ou conquista durante sua trajetória profissional?

Considero como desafio a nossa existência. Vivermos é um dom da Natureza. Sermos criados por pais inteligentes e compreensivos é um benefício fantástico. Recebermos a educação que recebemos é uma qualificação inimaginável. Ser filho de um pai corretor de imóveis, nos primórdios do século 20, era participar de um grupo de trabalhadores não benquistos. O corretor era mal afamado. Muitos, identificados como “picaretas”, produziam um resultado profissional desagradável. O corretor bom precisava provar, e muito, que era honesto e íntegro.

Atingimos os objetivos a que nos propusemos. Tivemos percalços. Mas resistimos, durante os 73 anos da Administradora, no cumprimento da Ética Profissional.

Encaminhando nosso raciocínio para o campo da técnica profissional, nos idos dos anos 70, fomos dos primeiros a orientar a implantação de grandes condomínios. As construtoras, de então, introduziam, graças ao Sistema Financeiro da Habitação, conglomerados habitacionais

com a novidade das áreas de bem estar e lazer. Por possuímos experiência na área profissional e educacional sobre o bom uso das relações humanas, fomos convidados pelo Inocoop e empresários da construção civil a orientar o viver e desfrutar a vida em comunidades.

Acertamos naquilo que orientamos e realizamos. A prova maior é que nossos modernos edifícios são como clubes sociais-esportivos.

 

Uma personalidade que admira no setor imobiliário?

Dois nomes, como orientadores: Caio Mário da Silva Pereira e Sylvio Capanema. E um nome como protagonista: Hubert Gebara.

 

Uma liderança no mundo dos negócios?

Considero dois nomes. Um – José Galló, e, outro – Luiz Roberto Andrade Ponte.

 

Possui um hobby em especial?

Campismo e pescaria à beira-mar.

 

Viagens, algum destino que recomendaria?

Brasil, em especial, o Rio Grande do Sul.

 

Gostaria de destacar um livro, filme ou música de sua preferência?

“O Físico”, de Noah Gordon; “Pilares da Terra”, de Ken Follet; “O Tempo e o Vento”, de Érico Veríssimo; e, “A Relíquia”, de Eça de Queiroz.

Hino Nacional Brasileiro.

 

Se identifica com algum esporte?

Futebol. Grêmio Foot-ball Porto Alegrense.

 

Sua percepção sobre o momento atual do mercado imobiliário?

Após a criação de leis modernas e realistas – Condomínios e Inquilinato, vivemos momentos pródigos e vibrantes para o mercado imobiliário brasileiro, até os anos 2.017. Atualmente, estamos sendo prejudicados pela pandemia da Covid-19, pela guerra Rússia-Ucrânia e, ainda, pelos resquícios da “bolha” destrutiva do mercado imobiliário norte-americano.

Nosso país vive com uma diferenciação, cada vez maior, das categorias sociais. Nossas construtoras edificam, em maior volume, imóveis de elevado gabarito arquitetônico. Algumas categorias profissionais, beneficiadas pelo enriquecimento de poucos, para detrimento da maioria, podem adquirir essas maravilhas residenciais.

O volume de inadimplentes nas residências identificadas como “Minha Casa/Minha Vida”, apontam a dificuldade nacional para um equilíbrio na ocupação de novas residências.

A quantidade desses apartamentos – construídos e desocupados, deve ser volumosa. Já que nunca foram identificados.

O retorno da inflação é outro indicador preocupante. Cada dia que passa, o brasileiro padrão vê seu poder de compra reduzido. Isso que vivemos em um país rico e que nos deu mostras de como enfrentar e superar uma pandemia. Contudo, a ganância de poucos mercados, dificultam a consecução de objetivos associativos.

Necessitamos de reformas na maneira de usar e fruir das cousas, por parte de algumas poucas categorias profissionais. A realidade é que, alguns servidores passaram a ordenar naqueles que produzem a riqueza.

A produção do mercado imobiliário espanta o pequeno investidor, face o custo do dinheiro emprestado. Entendo que, o mercado de usados, continuará sendo o de maior movimentação, desde que, com recursos próprios, oriundos da poupança individual.

Para finalizar, considero como, de importância primordial, a redução imediata do custo do material de construção.

Emitimos opinião sobre produção. Resultante temos a administração e a locação imobiliária. A queda do poder aquisitivo, todos sabemos, resultou em desocupação volumosa de imóveis residenciais e não residenciais. Os aluguéis continuam tendo valores reduzidos em todas as ofertas. Mesmo assim, a procura permanece reduzida. Voltamos a ter, como na época do congelamento dos alugueres, a contratação de apartamentos maiores – 3 ou 4 dormitórios, por mais de uma família.

O enxugamento dos negócios imobiliários ocorre. A cautela, a economia, o saber poupar são palavras chaves para aqueles empresários que desejarem sobreviver.

O saber usar meios de comunicação eletrônica são as ferramentas atuais. Sedes faustosas serão miragens. O administrador imobiliário é resultante, via de regra, de um corretor de imóveis que amealhou imóveis para locação. Ele cuida do investimento daquele conhecido ou amigo, que poupou e investiu, quase sempre, em um imóvel usado. O passado repete situações em tempos modernos.

 

Uma recomendação para quem está iniciando no segmento imobiliário?

Nossa experiência sempre recomendou o uso de uma palavra, em qualquer tipo de negócio: Cautela. O conhecimento teórico ou prático é de grande validade. Mas, a facilidade com que as mudanças políticas alteram planejamentos são latentes. Raramente, nossos políticos conhecem as necessidades do nosso mercado imobiliário. Somos, ainda, considerados como usurpadores da necessidade popular, que é a habitação.

 

O que poderia destacar em relação as Entidades?

Sou filho de um sindicalista. Por isso conheci, desde os primeiros degraus da minha existência, a importância da União, da Qualificação e da Divulgação da atividade profissional. Hoje possuímos entidades que foram sonhadas e almejadas há dezenas de anos atrás. Os incrédulos da união profissional chegaram a nos apelidar de comunistas. Somos, na realidade, socializantes. Procuramos estender ao grupo profissional e àqueles que dele necessitam fazer uso, de uma filosofia de vida gentil, educada, saudável e justa. Constatarmos o funcionamento de uma associação, como a Agademi, que foi o berço do Secovi/RS, do qual resultou o produto Secovimed, nos enche de orgulho.

 

Uma frase ou mensagem final:

Encerrando este depoimento, lembro nomes de amigos que nos deixaram – Alfredo Mello. Luiz Sérgio Pereira, Maximiliano Weissheimer, Paulinho Etzberger, Fernando Ferrandis e tantos outros que se dedicaram a um trabalho associativo de realce e pioneirismo. Outros nomes, que ainda nos acompanham, como Fernando Barcellos, Gaspar Fiorini, Soninha Ferrandis, Madeleine Rossi, se somam ao protagonismo de décadas passadas.

Atualmente, como sempre, dedico minha atenção à educação profissional. Entendo que o aperfeiçoamento da nossa mão de obra deve ser, cada vez mais, assumido pelo Secovi/RS. Cursos de Introdução e Aperfeiçoamento para o Mercado Imobiliário devem ser produzidos e orientados pelo Sindicato.

Outro campo que necessita tornar a ser realizado e difundido é o da Pesquisa de Mercado.

Agradeço a oportunidade de tornar a expor meu raciocínio sobre uma área que vivencio com muito carinho.

Cumprimentos à Direção das entidades Agademi-Secovi/RS.

 

31 Maio, 22

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