Setor de aluguéis muda base de cálculo para conter aumento dos valores

Afora a dificuldade para manter o padrão na alimentação, nos serviços básicos e no uso de transportes públicos, também há, entre a maioria dos brasileiros, a preocupação com o preço do aluguel e do condomínio. Conforme o IBGE, no País a variação dos reajustes para locação de imóveis residenciais entre janeiro e agosto está em 3,43% enquanto a dos preços dos condomínios ficou em 2,62%. Em Porto Alegre, o índice para aluguel é maior (4,03%), mas, em compensação, fica abaixo da média nacional quando se trata do reajuste dos condomínios (1,23%).

Na Capital gaúcha, a variação no acumulado de 12 meses (de setembro de 2020 a agosto de 2021) para o preço das locações de imóveis residenciais é ainda maior: 8,92%, enquanto a do preço médio por metro quadrado para o mesmo produto está em 9,62%. Segundo o presidente do Secovi/RS, Moacyr Schukster, este patamar é baixo se for considerada a referência de 31,12% (em agosto) para o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que “sempre foi o indexador de aluguéis”.

“Devido às oscilações do dólar, este índice aumentou muito e as locações atreladas ao IGP-M ficaram caras demais”, comenta Schukster, explicando que o mercado optou por manter os valores de acordo com o IPCA. Ou seja: foi preciso mudar a base de cálculo para conter o aumento dos preços dos aluguéis em plena pandemia de Covid-19.

“O setor de locações sofreu bastante com a elevada devolução de imóveis, especialmente na área comercial, no período de isolamento social, quando muitos negócios foram encerrados, e a maioria dos profissionais liberais começou a trabalhar em casa”, observa o dirigente.

Ainda de acordo com Schukster, a variação no preço médio de metro quadrado dos imóveis comerciais no acumulado do ano foi de 10,77%. Ele pontua que, comparado à alta de preços de outros produtos e serviços, os reajustes dos aluguéis estão em patamares baixos – e destaca o esforço das imobiliárias para que as negociações entre proprietários e inquilinos fossem satisfatórias para ambos os lados.

O dirigente alerta, no entanto, que por conta desta relativa “estagnação” dos preços, há um aumento represado, que deve ocorrer assim que a economia mostrar sinais de melhoras. “O IGP-M variou 66,46% nos últimos cinco anos, enquanto a evolução do preço médio do metro quadrado dos imóveis ofertados no período foi de 3% a 4%”, compara o presidente do Secovi-RS.

Segundo Schukster, o período de pandemia foi “o império das negociações”. “Mas isso está, aos poucos, se ajustando, e acredito que em breve o mercado deve normalizar”, opina. Segundo o dirigente, por conta do atual cenário “este é o momento” certo para agir, no caso de quem está pensando em locar um imóvel. “A expectativa é de que em março de 2022 a pandemia já esteja sob controle, e a partir daí os preços devem aumentar”, adverte.

Ainda que o mercado esteja “contendo os valores”, calculando os preços a partir do IPCA (ao invés do IGP-M), quem vive de aluguel sente no bolso a variação, por “menor” que seja. Para se ter uma ideia, segundo comparativo publicado na última pesquisa do Secovi/RS, a locação por metro quadrado de imóveis residenciais teve variações bastante consideráveis quando se colocam o mês de agosto de 2021 frente a agosto do ano passado. Entre os bairros que tiveram maior alta no preço dos aluguéis, estão os Vila Jardim (117,6%), Pedra Redonda (45,9%), Medianeira (30,3%), Três Figueiras (26,1%) e Vila Assunção (25,6%).

Na carona destes aumentos, ainda há que se calcular o reajuste da taxa da água, de 5,57% na Capital gaúcha (frente a de 3,32% no restante do País).

Fonte: Jornal do Comércio – edição 29/09/21

Adriana Lampert

29 set, 21

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